sábado, 28 de agosto de 2010

medos&moldes


De vez enquando bate medo...
medo de ele realmente não me conhecer totalmente em coisas como
minha falta de paciência para futebol e
preferência por ler um bom livro em um domingo a tarde
medo de ele não perceber o quanto certas coisas me incomodam
e do quanto sinto falta de outras
medo de ele ver que as vezes quero poder optar pela solidão
e isso não significa que eu o ame menos
medo de ele não entender que preciso muito de outras pessoas,
que a distância delas me dói e querer que ele respeite isso
medo de ele perceber que nunca fui nem serei perfeita
e de que falo palavrão as vezes
medo de querer coisas que ele não quer
medo de ficar longe de todos por 'simples' comodismo
medo de ele cansar de me ver querendo acreditar tanto nas pessoas
enquanto me irrito com seu olhar 'maldoso' sobre a humanidade
e claro, medo de sua preocupação com meus medos quando ler estas palavras.
Mas em meio a esses e outros medos me moldo à ele
me moldo porque ele me traz paz
me moldo porque ele me protege, me cuida e me quer bem
me moldo porque ele me faz crescer e porque juntos somos melhores
porque ele desperta meu lado mulher e muleca*
porque ainda que tenha medos não tenho vergonha
me moldo porque sinto a ausência dele
e as vezes prezo por ela, mas tenho medo que ele não entenda
me moldo porque fazemos planos e a cada dia sei que eles estão
mais perto de se concretizar
me moldo porque ele me ajudou a ter mais opinião e a valoriza como ninguém
me moldo porque ele me mima, me faz cafuné
e me acolhe em seu peito durante filmes ou simples conversas
me moldo porque adoro o seu cheiro e porque temos uma longa história
de desencontros até O encontro
e isso só me fez entender o quanto ele é presente de Deus na minha vida
me moldo porque somos diferentes mas também por nossas afinidades
me moldo porque amo conversar com ele
me moldo porque ele é preocupado e tenho medo de seus excessos
me moldo porque ele é meu melhor amigo, meu porto seguro
e me faz feliz
me moldo porque sei que também faço bem à ele e reconheço que
ele também tem seus medos quanto a mim
me moldo porque é nos braços dele que quero estar depois de um dia cansativo
e simplesmente me moldo porque tenho muito mais motivos
pra isso do que pra ter medo
sei que temos construído tanta coisa na rocha que me moldo à ele com louvor.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Licença poética




O tédio
entedia
o entediado...







entende?

terça-feira, 10 de agosto de 2010

oração



Senhor, venho mais uma vez te agradecer... agradecer pela minha familia, pelos meus amigos, meu namoro, minha faculdade, meu trabalho, mas principalmente pela sua misericórdia a qual move tudo na minha vida.
Sabe Pai, ultimamente tenho me achado um pouco herege em minhas orações... falo Contigo como se tivesse escrevendo... talvez pela influência de Clarice que tem me acompanhado todos os dias nas minhas viagens até o trabalho, ou talvez porque simplesmente esteja me sentindo mais a vontade de Te tratar dessa forma informal e íntima.
Quando sinto obrigação de orar sai aquela coisa mecânica, isso quando não recorro ao Pai Nosso e pronto. Mas quando bate a vontade, ai converso. Me exponho como se Você já não soubesse o que sinto e o que penso, e me dá muito nervoso quando não consigo botar em palavras o que tô querendo dizer... fora as vezes que penso em uma coisa pra falar e volto atrás, como se o Senhor nem fizesse ideia.. dãããã!
Desde pequena gostei de falar sozinha nas minhas brincadeiras (não que eu saia falando sozinha pela rua!), mas vai ver Você se fazia meu ouvinte mais discreto.
Como pode alguém olhar para o céu e não enxergar que tem "Algo" tão grande por trás disso tudo? A racionalidade cega muitas vezes... por mais que o Senhor dê provas de sua existência é preciso Te sentir. Não culpo quem ainda não Te sentiu de não acreditar. É questão de fé. Aliás é ela que me faz conversar com você agora mesmo... as vezes cometo outra heresia, de pensar: "E se for tudo mentira? E se o meu Deus for errado? Se não existir Vida Eterna? E se.. e se eu estiver falando sozinha?". Mas na mesma rapidez que me vem a culpa, vem também a resposta que conforta meu coração... fé!
Perdão por meus pecados Senhor e por minha mentalidade tão... tão... tão humana!..
Abençoe muito aos meu queridos! Especialmente aqueles que estão tão longe de Ti, aquele que se sente tão só e recorre à coisas destruidoras e passageiras.. Conforta também aquela que teve uma grande perda recentemente.
Muito obrigada por mais um dia e... Ih, Senhor! Foi mal, mais depois a gente conversa porque tenho que descer ônibus! Amém!

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Acon(tecendo)




Acontece...



Acontece que a manhã amanhece
e a tarde entardece
sem dizer que a noite anoitece
e a gente esquece...


Esquece do que comeu a dois dias atrás,
esquece do que fez nesse dia no ano passado,
esquece de valorizar o dia que já se desfaz...

A memória é portadora da sabedoria, da experiência
e do valor que damos a tudo que nos... acontece
mas ainda assim, no meio de tanto esquecimento


Acontece que a manhã amanhece,
a tarde entardece
sem dizer que a noite anoitece.
e mais uma vez acontece..


A vida se vai acon(tecendo).



terça-feira, 3 de agosto de 2010

- enfim, poeta (?)




Um belo dia em meu horário de almoço, em um passeio daqueles feitos exclusivamente para desgastar o que havia acabado de consumir achei uma livrariazinha escondida em uma galeria pelo caminho. E embora seja fascinada por livros acabei subestimando a aparência do lugar, decidindo que nada lá me despertaria interesse. Não entrei, mas meus olhos deram uma rápida visualizada do interior da lojinha e eis que me deparo com uma banca lotada de livros com um papel anexado: "Qualquer livro a R$2". Se já não bastasse eu amar livros também adoro uma pechincha (como toda boa mulher) e logo fui ver do que se tratava. Resultado: comprei três livros e gastei apenas R$6! Meu prazer literário e consumista juntinhos!
Infelizmente não tive a oportunidade de lê-los tão cedo, já que a faculdade e o trabalho me consomem! Até que as férias vieram e peguei um deles para me entreter. E por mais sábias que sejam as palavras de Clarice, Vinicius e tanto outros, foi nesse livro de um autor desconhecido, de uma editora pequena e por preço de banana que encontrei a frase (em negrito) que define minha relação com a escrita:

"A poesia, em particular, era uma referência obrigatória. Conhecia-se os poetas, aprendia-se a amar a poesia e, através dela, os valores humanos e morais de nosso povo. Quem tinha sensibilidade acabava também se sentindo poeta."
(Paulo Martins - Glória partida ao meio)

E é isso que eu tinha até então, sensibilidade e ponto. Mas depois dessa frase "tão eu" fui permitida a me sentir (um tanto) poeta.